Acessibilidadena Prática

A web é para todos. Neste guia, vamos além da conformidade para entender como construir interfaces verdadeiramente inclusivas, eliminando barreiras invisíveis no código.

O que é Acessibilidade Digital?


Segundo a norma ISO 9241-11, acessibilidade é a medida em que produtos e sistemas podem ser utilizados por pessoas com a mais ampla gama de necessidades e capacidades para alcançar objetivos em contextos específicos ⁽¹⁾.

No campo tecnológico, o W3C define que a acessibilidade web significa garantir que pessoas com deficiência possam perceber, compreender, navegar e interagir com a web em condições de igualdade. O foco é remover barreiras — sejam elas visuais, auditivas, motoras ou cognitivas — que impeçam o acesso à informação ⁽²⁾.

Por que é importante?


Além de ser um direito humano fundamental, a acessibilidade é um requisito legal no Brasil. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) torna obrigatória a acessibilidade em sites de empresas e órgãos públicos ⁽⁵⁾.

Mas vai além da lei: o W3C enfatiza que a acessibilidade beneficia a todos, inclusive pessoas com limitações temporárias (como um braço quebrado) ou situacionais (como tentar ler uma tela sob sol forte). Ao seguir a norma brasileira ABNT NBR 17225, garantimos que qualquer pessoa possa operar interfaces com segurança e autonomia ⁽⁴⁾.

Exemplos práticos de Acessibilidade

Foco Visível (Keyboard Navigation)

Exemplo de foco visível ao navegar por teclado usando a tecla Tab.

Usuários que navegam por teclado dependem do anel de foco (outline) para saber onde estão. Removê-lo via CSS (outline: none) sem fornecer um substituto torna o site inoperável para quem não usa mouse. Neste projeto, mantivemos o foco nativo visível em todos os botões e links interativos.

Semântica HTML (Heading Structure)

Estrutura de títulos da página usando tags h1, h2 e h3 corretamente.

Leitores de tela usam cabeçalhos (h1 a h6) para navegar. Visualmente, um texto grande e em negrito pode parecer um título, mas sem a tag de heading correta ele é invisível na árvore de acessibilidade. A estrutura semântica do HTML é a base para que pessoas cegas possam entender a hierarquia do conteúdo.

Contraste de Cores (WCAG 1.4.3)

Comparação entre combinações de cores com contraste adequado e inadequado.
Teste de contraste de cores entre texto e fundo através da ferramenta WebAIM.

A paleta do site foi validada para garantir uma relação de contraste mínima de 4.5:1 entre texto e fundo. Isso é vital não apenas para pessoas com baixa visão, mas para qualquer usuário lendo em telas com reflexo, brilho alto ou baixa luminosidade. Contraste adequado reduz esforço visual e fadiga.

Descrição de Imagens (Text Alternatives)

Interface mostrando configuração de texto alternativo para ícones e imagens.

Ícones isolados, como os links sociais no rodapé, utilizam aria-label para descrever seu destino. Sem isso, um leitor de tela anunciaria apenas "link" ou o nome do arquivo SVG, deixando o usuário cego sem contexto sobre para onde aquele clique o levará.

Checklist de Acessibilidade

Use este checklist rápido para garantir que sua interface não cria barreiras de acesso desnecessárias.


  • As imagens possuem texto alternativo (alt)?
  • O site é navegável apenas pelo teclado (Tab)?
  • O contraste de cores é de pelo menos 4.5:1?
  • Os formulários possuem etiquetas (labels) associadas?
  • A hierarquia de títulos (H1-H6) é lógica?
  • O foco do teclado é visível em todos os elementos?
  • Vídeos possuem legendas e transcrição?

Referências Fundamentais de Acessibilidade

Comece por aqui para entender a base normativa e prática da acessibilidade digital aplicada ao front-end.

Acessibilidade

Diretrizes WCAG 2.2

W3C Recommendation

O padrão internacional definitivo. Define os princípios POUR: Perceptível, Operável, Compreensível e Robusto.

Ver WCAG 2.2
Acessibilidade

ABNT NBR 17225:2023

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Norma brasileira de Acessibilidade Digital. Essencial para adequação legal de projetos nacionais.

Ver detalhes da norma
Acessibilidade

Inclusive Components

Heydon Pickering

Guia prático de como codificar componentes comuns de forma acessível e robusta, com foco em HTML, CSS e JavaScript.

Ver livro/site

Referências

  1. 1.ISO 9241-11. Ergonomics of human-system interaction. International Organization for Standardization, 2018.
  2. 2.W3C. Introduction to Web Accessibility. World Wide Web Consortium, 2025.
  3. 3.W3C. Accessibility, Usability, and Inclusion. World Wide Web Consortium, 2025.
  4. 4.ABNT NBR 17225. Acessibilidade em ambientes virtuais. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2025.
  5. 5.BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI). Lei nº 13.146, 2015.